Meditando na Palavra

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Escola de Leitores

Este espaço visa ser um veículo de comunicação e interação entre Cursistas e Formadores do Curso de Leitores para Ministros da Palavra, promovido pelo Conselho Pastoral de Lagoa Real - Bahia.
Nosso propósito é capacitar homens e mulheres para o anúncio do genuino Evangelho de Cristo em nossas Celebrações Litúrgicas.

No amor do Cristo;

Gilmar Santos
Coord. do Conselho Pastoral.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Livros Históricos da Sagrada Escritura

Livros Históricos

Juízes

O Livro dos Juízes foi assim chamado pelo grande relevo que nele têm os chefes a quem se deu tal nome (chofetîm). Praticamente o livro é constituído por doze histórias correspondentes aos doze juízes que nele desfilam aos olhos do leitor.

CONTEXTO HISTÓRICO

Depois da sua chegada a Canaã e do seu esta¬be¬le¬cimento no território, como está descrito em Josué, as doze tribos fica¬ram um pouco à mercê dos povos que ainda ocupavam a terra. Cananeus e filisteus continuavam a sua luta para expulsar as tribos israelitas que se tinham infiltrado em algumas parcelas do seu território; e a conquista total da terra e o consequente predomínio dos israelitas sobre os povos locais ficará para mais tarde, no tempo de David (séc. X a.C.).

Depois da morte de Josué, por volta de 1200 a.C. (Js 24), as tribos fica¬ram sem um chefe que aglutinasse todas as forças para se defenderem dos inimigos es¬trangeiros. A única autoridade constituída era a dos anciãos de cada tribo. Além disso, estas pequenas tribos eram muito independentes entre si, e não era fácil congregá-las. Ficavam, assim, mais expos¬tas aos ataques de filis¬teus, cananeus, madianitas, amonitas, moabi¬tas, todos inimigos históricos de Israel.
QUEM SÃO OS JUÍZES


É nestas circunstâncias que aparecem os Juízes. Não são chefes constituídos oficialmente, mas homens e mulheres carismá¬ti¬¬cos, atentos ao Espírito do Senhor, pessoas marcadas por uma forte perso¬na¬lidade, capazes de se imporem moralmente perante as outras tribos. Deste modo, quando alguma tribo era atacada, o Juiz congregava as outras para irem em socorro da tribo irmã. Uma outra função que lhes poderia ser atri¬buí¬da era a de julgar (da raiz chaphat, que significa “admi¬nis¬trar a justiça”, “pro¬teger”), em casos especiais, função que terá estado na ori¬gem do nome de “Juízes”.

O tempo dos Juízes é, pois, o tempo da consolidação das tribos no seu ter¬ri¬tório, perante os inimigos estrangeiros, e o tempo das primeiras tenta¬tivas de federação entre as várias tribos com diferentes origens (ver Js 24).
DIVISÃO E CONTEÚDO

Na falta de escrita, as histórias e os feitos dos Juízes passaram pelas tradições orais locais, sobretudo nos santuários, antes de fazerem parte da memória colectiva de Israel.

Com o aparecimento da monarquia e a consequente organização política, social e religiosa, todo este material de carácter histórico, mítico, poético e etio¬lógico entrou no espólio colectivo de Israel, sendo posteriormente orga¬nizado por blocos lite¬rá¬rios mais amplos. É costume dividir o livro dos Juízes em dois grandes blocos literários:

I. Tradições sobre a conquista de Canaã (1,1-3,6).

II. História dos Juízes (3,7-16,31). Nestes, é costume distinguir: Juízes Maiores ou “salvadores”: Oteniel (3,7-11), Eúde (3,12-30), Dé¬bora e Barac (4,1-5,32), Gedeão (6,11-8,35), Jefté (11,1-40) e Sansão (13,1-16,31); Juízes Menores, que constituem um bloco literário acrescentado mais tarde: Cha¬megar (3,31), Tola (10,1-2), Jair (10,3-5), Ibsan (12,8-10), Elon (12,11-12) e Abdon (12,13-15). Deste modo se formou o “Livro dos doze Juízes de Israel” (3,7-16,31).

III. Apêndices: 17-18, sobre a tribo de Dan, e 19-21, sobre a de Benjamim.

Posteriormente foram acrescentadas duas introduções: 1,1-2,5, que apre¬senta a situação geral das tribos depois da morte de Josué; e 2,6-3,6, que apre¬senta a História de Israel como uma “História Sagrada”: pecado do povo – castigo de Deus – perdão de Deus. É a concepção deuteronomista da História de Israel, em cujo contexto teológico deverá situar-se este livro.

O livro contém igualmente dois apêndices: os capítulos 17-18, que nar¬ram a migração da tribo de Dan do Sul para a nascente do Jordão, no Norte; e os capítulos 19-21, que narram o crime dos habitantes de Guibeá, da tribo de Benjamim, tribo que será destruída.

Todas estas tradições, que andavam de boca em boca, juntamente com as de outros heróis nacionais, entram numa colecção comum depois da queda da Samaria (722/721 a.C.). Mas só durante ou mesmo depois do exílio da Babilónia é que o livro foi integrado na grande História de Israel, concluída pelos redactores deuteronomistas e composta pelos seguintes livros: Dt, Js, Jz, 1 Sm, 2 Sm, 1 Rs e 2 Rs.

A estes redactores se devem, certamente, as intro¬duções gerais já men¬cionadas (Jz 1,1-3,6), assim como a introdução a cada um dos Juízes. Esta redacção deuteronomista conferiu uma unidade teoló¬gica a todo o livro, que passou de amálgama de histórias locais a um livro de carácter nacional.
VALOR HISTÓRICO

O livro dos Juízes é um dos chamados “Livros His¬tóricos” da Bíblia, mas é histórico segundo o modo de escrever História no seu tempo. Nesse género literário cabiam não apenas os factos e os documen¬tos, como acontece na historiografia moderna, mas também o mito, discur¬sos (veja-se o belo apólogo de Jotam: 9,7-20), etiologias, peque¬nos factos do dia-a-dia, etc. Este livro fornece-nos um quadro geral único do modo de vida das tribos de Israel, depois da instalação em Canaã, no que toca à vida política, social e religiosa. É também interessante o facto de nos falar já do difícil relacionamento entre algumas tribos, que irá ter o seu desenlace na separação entre o Norte e o Sul, depois de Salomão.

O tempo dos Juízes corresponde a mais de dois séculos de História, o que lhe confere um valor especial, embora a contagem dos anos fornecidos pelo texto nos dê exactamente 410 anos. Este facto é certamente devido ao uso corrente do número simbólico 40, que significa uma geração, isto é, a vida de uma pessoa. Esta indicação diz-nos bem do carácter aproximativo dos dados cronológicos do livro. A cronologia real da época dos Juízes nunca poderá afastar-se muito do período entre 1200 e 1030.
TEOLOGIA

Como qualquer livro da Bíblia, também o dos Juízes não foi escrito para nos fornecer simplesmente a História factual das tribos de Is¬rael. Antes de mais, foi escrito para manifestar como Deus acompanha o seu povo na sua História concreta, mesmo no meio dos mais graves aconte¬cimen¬t¬os, como as guerras contra os povos inimigos.

A sua teologia funda¬mental é proposta pelos redactores deuteronomistas nas Introduções (1,1-3,6), em que aparecem fórmulas características como «os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor» (2,11; 3,7.12; 4,1; 6,1; 10,6; 13,1). Desta infidelidade do povo ao Deus fiel da Aliança segue-se o castigo, que aparece nas derrotas perante os povos estrangeiros; e depois, a vitória, mediante os intermediários do Senhor, os Juízes “salva¬dores” (3,31; 6,15; 10,1). A ideia teológica que ressalta deste livro é, pois, a imagem que um povo livre tem de Deus, que o acompanha para o libertar.

Não nos devem escandalizar os “pecados” destes Juízes, homens rudes que precisamos de situar no seu tempo e que procedem segundo a moral de então. Caso paradigmático é a história de Sansão. Teremos que tentar, antes, descobrir o que há neles de positivo: a acção de Deus, que os anima com o seu espírito para conduzir o povo de Deus (3,10; 6,34; 11,29; 13,25). Neste sentido, eles foram uma antecipação dos reis de Israel.

Josué


Embora nem sempre com a coerência que tanto agrada à nossa mentalidade actual, por efeito das diferentes tradições que lhe serviram de fonte, é possível apresentar resumidamente a figura de Josué. Inicialmente surge como um jovem ajudante de Moisés, com o nome de Oseias; depois, é um dos exploradores do Négueb, quando manifesta, com Caleb, a sua disponibilidade para executar o plano libertador de Javé. Então é-lhe mudado o nome de Oseias para “Yehoshua” ou Josué, prenúncio da nova missão em que Moisés o vai investir: será o seu sucessor.

É a esta personalidade que a tradição atribui a autoria do livro de JOSUÉ, com as habituais limitações que tal designação comporta quando se trata dos autores sagrados ou hagiógrafos.

DIVISÃO E CONTEÚDO
Há quem considere o livro de JOSUÉ como um complemento do Pentateuco, constituindo a parte em que se cumpre a promessa da doação da Terra Prometida: no Génesis, Deus promete; em JOSUÉ, entrega e cumpre a promessa. Nesta hipótese, JOSUÉ seria constituído a partir da teoria clássica das quatro tradições: Javista, Eloísta, Deuteronomista e Sacerdotal. Não é esta, porém, a hipótese aplaudida por muitos críticos modernos, a quem agrada mais integrar o livro em plena História Deuteronomista, sem prejuízo de considerarem nele, de facto, a promessa do Génesis, plenamente cumprida.
É comum distribuir o conteúdo de JOSUÉ por três partes distintas:

I. Conquista de Canaã (1,1-12,24): texto, predominantemente narrativo, conta os vários episódios da conquista de Jericó; a batalha de Guibeon; a leitura da Lei perante a multidão, que renova a sua promessa de fidelidade à aliança (8,29-35); a derrota das várias coligações contra Josué, com a consequente submissão de todo o Sul ao sucessor de Moisés.

II. Distribuição do território pelas tribos (13,1-21,45). Após a atribuição dos territórios às tribos da Transjordânia e da Cisjordânia, conclui-se com uma lista das cidades sacerdotais e de refúgio.

III. Apêndice e conclusão (22,1-24,33). Nesta parte merecem especial atenção o discurso de despedida de Josué e a assembleia magna de Siquém, no final do livro.
GÉNERO LITERÁRIO E VALOR HISTÓRICO

Em JOSUÉ, não temos História no sentido rigoroso deste conceito, uma vez que a aglutinação das diversas tradições foi feita em época muito posterior aos factos. O rigor histórico das narrações é que seria, precisamente, de admirar. Comparando JOSUÉ com Jz 1, aquilo que em JOSUÉ se nos apresenta como campanha militar organizada, uma espécie de coligação de todo o Israel, na verdade, parece ter sido uma iniciativa particular de cada tribo. Trata-se, pois, de apresentações esquematizadas. Do mesmo modo, não é de excluir a hipótese de algumas tribos terem penetrado em Canaã pelo Sul e não por Jericó (Nm 21,1-3).

Tribos houve, como as da região central, que nem sequer terão estado no Egipto, mas permaneceram em Canaã. Outra hipótese admitida é que teria havido vários êxodos de natureza diferente: êxodo-expulsão e êxodo-libertação; assim no-lo deixam supor as várias formas de texto, quando se fala da saída do Egipto. Nesse caso, a campanha de Josué, na reconquista épica de Canaã, revestiria a forma de síntese narrativa como reelaboração posterior das diversas tradições.

Os acontecimentos posteriores, até à época de David, mostram igualmente que a campanha da reconquista protagonizada por Josué não acabou com a posse total do território: muitos grupos de várias etnias não judaicas mantiveram-se autónomos por muitos anos, só mais tarde acabando por ser integrados em Israel.

De quanto ficou dito, pode-se legitimamente concluir que, em JOSUÉ, se encontram misturados vários tipos de textos literários: a narração, a descrição, a lenda popular, a epopeia, etc.. Sacrificou-se o rigor da História ao interesse da doutrinação teológica, realçando esta última.
TEOLOGIA
(Arca da Aliança)
Como já foi dito, JOSUÉ pretende mostrar que Javé é fiel à sua palavra: se prometeu, cumpre (Gn 12,1-3; 13,14-17; 15,7-21; 17,1-8). Como prometeu dar uma terra ao povo, tudo fará, mesmo milagres, para os opositores de Israel serem derrotados e as suas terras entregues ao “povo de Javé”. Daí a frequência da acção miraculosa da intervenção directa de Deus e dos seus anjos no decorrer das várias acções militares, bem como a idealização do herói, qual novo Moisés: tudo lhe é atribuído, participa em todas as batalhas e sobre ele se estende incessantemente a mão poderosa e protectora do Senhor.

Para isso concorre enormemente a importância do factor ‘Terra’ na trama da aliança: Javé faz um pacto com um povo nómada, a quem promete entregar uma terra que vai ser o cenário dos factos dessa aliança. Sem uma terra sua, o povo carece de raízes para a sua subsistência real. Foi assim que todo o israelita aprendeu a considerar a ‘Terra Prometida’ como um dom do Senhor. Neste quadro, a guerra santa e a crueldade para com o vencido são um louvor a Javé, em cujo nome são praticadas. O empolamento das acções, até se fazer delas milagres assombrosos, está plenamente justificado, uma vez que interessa, acima de tudo, exaltar Javé e engrandecer Josué, figura central da presente epopeia.

Rute


Na Bíblia Hebraica, a história de Rute vem colocada entre os Escri¬tos (Ketubim). A tradição grega e latina apresentam outra ordem: recuam-na para junto do livro dos Juízes, provavelmente pela indicação contida em 1,1, que situa os acontecimentos deste livro naquela época.

Tal como hoje nos aparece, este pequeno livro foi escrito provavelmente só depois do cativeiro da Babilónia. Um autor desconhecido deixou-nos esta bela composição literária.
DIVISÃO

A narração desenvolve-se numa harmonia notável de quatro cenas (1,7-22; 2,1-23; 3,1-18; 4,1-12), precedidas de uma introdução (1,1-6) e seguidas de uma conclusão (4,13-17).

Mais do que no amor, o livro de Rute centra o seu enredo no motivo legal do levirato e do resgate: quando um homem morre, sem deixar descen¬dên¬cia, o irmão ou o parente mais próximo deve receber a viúva e gerar filhos, que perpetuarão a memória do defunto; e deve ter igual atenção em relação aos bens patrimoniais. Assim se cumpria a lealdade familiar no quadro da legislação antiga (Dt 25,5-10). É esta lealdade que torna exemplar, mesmo admirável, o livro de Rute.

As suas personagens têm nomes carregados de simbolismo: Elimélec = “o meu Deus é rei”; Noemi = “minha doçura”; Mara = “amargurada”; Maalon = “enfermidade”; Quilion = “fragilidade”; Orpa = “a que volta as costas”; Rute = “a amiga”. Estes nomes representam, no cenário de uma sociedade agrí¬cola, o drama do infortúnio e do luto, mas também a força triunfante da soli¬darie¬dade e da vida.
TEOLOGIA

Rute é uma história bíblica em que Deus se faz presente, não através de acontecimentos extraordinários, mas no cumprimento das nor¬mas sociais mais comuns. Este Deus discreto, quase silencioso, não é, porém, menos actuante e surpreendente na manifestação da sua fidelidade.

Em linguagem aparentemente inofensiva, o livro parece conter um pro¬testo muito hábil contra o rigor exagerado da época de Esdras e Neemias, relativamente aos casamentos mistos (Esd 9-10; Ne 13,1-3.23-27). Na histó¬ria de Rute pode ver-se como o Deus de Israel, que per¬mitiu a uma moabita entrar na genealogia de David (e por isso mesmo, na do próprio Jesus Cristo: Mt 1,5-17), não podia ser tão rigo¬roso que excluísse as estrangeiras do seu povo.

Esdras

Os livros de Esdras e de Neemias for¬ma¬vam um só “Livro de Es¬dras”, na Bíblia He¬¬braica e na versão grega dos Setenta. Como esta ver¬¬são recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o pri¬meiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era deno¬mi¬nado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reser¬vando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respect¬i¬vas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assi¬mi¬lada mesmo nas edições impressas da Bíblia mas¬sorética.

AUTORIA E DATAÇÃO

Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, segui¬dos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identi¬dade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros ver¬sí¬culos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C..

QUESTÃO CRONOLÓGICA

Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabel¬e¬cer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade refor-ma¬dora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preo¬cupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Arta¬xer¬xes (Ne 13,6-7).

Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a tra¬ba¬lhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a activi¬dade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a crono¬logia real dos acontecimentos.

No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das infor¬mações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Ele¬fantinas (Egipto).
DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA

Na composição destes dois livros, o Cro¬nista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memó-rias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e orga¬nizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:

a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplo¬mática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;

b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;

c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.
DIVISÕES E CONTEÚDO


O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:

I. Regresso do Exílio e reconstrução do templo: 1,1-6,22;

II. Organização da comunidade: 7,1-10,44.

O livro de Neemias consta também de duas partes:

I. Reconstrução das muralhas de Jerusalém: 1,1-7,72;

II. Proclamação da Lei e Reformas: 8,1-13,31.

Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:

1. Neemias passa da corte persa para governador de Jerusalém: 1-2;

2. Construção das muralhas, apesar de inúmeras dificuldades: 3-6;

3. Recenseamento do povo, celebração da Lei e renovação da aliança: 7-10;

4. Repovoamento de Jerusalém e das terras da Judeia: 11;

5. Medidas para garantir o culto e a pureza dos costumes: 12-13.

PERSPECTIVA TEOLÓGICA

Es¬dras e Neemias narram aconteci¬men¬tos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o re¬gresso do cativeiro da Babilónia. Mos¬trando a situação difícil dos re¬patriados, fazem sobressair o es¬forço pela restauração do povo, no aspecto mate¬r¬¬ial e reli¬gioso.

Contêm uma admirável mensa¬gem doutrinal, centrada em três preo¬¬cupa¬ções fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comuni¬dade do povo de Deus.

Após as pro¬vas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e reli¬giosa.

Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi man¬dado por Deus, devido à sua infidelidade, e co¬mo, apesar de tudo, a miseri¬cór¬dia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes pro¬messas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio.

NEEMIAS

Neemias)

Os livros de Esdras e de Neemias for¬ma¬vam um só “Livro de Esdras”, na Bíblia He¬¬braica e na versão grega dos Setenta. Como esta ver¬¬são recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o pri¬meiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era deno¬mi¬nado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reser¬vando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respect¬i¬vas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assi¬mi¬lada mesmo nas edições impressas da Bíblia mas¬sorética.
AUTORIA E DATAÇÃO

Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, segui¬dos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identi¬dade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros ver¬sí¬culos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C.
QUESTÃO CRONOLÓGICA

Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabel¬e¬cer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade refor-ma¬dora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preo¬cupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Arta¬xer¬xes (Ne 13,6-7).

Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a tra¬ba¬lhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a activi¬dade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a crono¬logia real dos acontecimentos.

No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das infor¬mações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Ele¬fantinas (Egipto).
DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA

Na composição destes dois livros, o Cro¬nista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memó-rias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e orga¬nizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:

a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplo¬mática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;

b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;

c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.
DIVISÕES E CONTEÚDO

O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:

I. Regresso do Exílio e reconstrução do templo: 1,1-6,22;

II. Organização da comunidade: 7,1-10,44.

O livro de Neemias consta também de duas partes:

I. Reconstrução das muralhas de Jerusalém: 1,1-7,72;

II. Proclamação da Lei e Reformas: 8,1-13,31.

Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:

1. Neemias passa da corte persa para governador de Jerusalém: 1-2;

2. Construção das muralhas, apesar de inúmeras dificuldades: 3-6;

3. Recenseamento do povo, celebração da Lei e renovação da aliança: 7-10;

4. Repovoamento de Jerusalém e das terras da Judeia: 11;

5. Medidas para garantir o culto e a pureza dos costumes: 12-13.
PERSPECTIVA TEOLÓGICA

Es¬dras e Neemias narram aconteci¬men¬tos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o re¬gresso do cativeiro da Babilónia. Mos¬trando a situação difícil dos re¬patriados, fazem sobressair o es¬forço pela restauração do povo, no aspecto mate¬r¬¬ial e reli¬gioso.

Contêm uma admirável mensa¬gem doutrinal, centrada em três preo¬¬cupa¬ções fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comuni¬dade do povo de Deus.

Após as pro¬vas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e reli¬giosa.

Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi man¬dado por Deus, devido à sua infidelidade, e co¬mo, apesar de tudo, a miseri¬cór¬dia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes pro¬messas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio.

Tobite

Escrito sob a forma de um romance de cariz sapiencial, este livro narra-nos a história de Tobite, de Sara, mulher de seu filho Tobias, e das respectivas famílias. Apresentados como israelitas piedosos, que sempre permaneceram fiéis ao Senhor seu Deus, mesmo no meio das piores tribulações, constituem, por isso mesmo, um paradigma de comportamento nas circunstâncias normais da vida. Dentro desta pers¬pectiva, toda a trama se desenrola em torno de questões práticas que vão sendo resolvidas sempre com uma fé inabalável em Deus e dentro da fideli¬dade absoluta à sua vontade. Atribuindo-lhe uma linguagem dos nossos dias, poderíamos dizer que se trata de um tema de amor. Amor de dois jovens esposos; amor das diversas personagens dentro do quadro das respectivas famílias; amor dos fiéis pelo seu Deus que, através dos séculos e do suceder-se aparentemente inocente dos acontecimentos, guia o seu povo em direcção ao cumprimento do seu destino de realização plena.
O TEXTO

A história da sua transmissão é algo atribulada e só com alguma dificuldade entrou no conjunto dos livros canónicos. Com efeito, é considerado apócrifo pelas Igrejas Evangélicas, não faz parte do cânone hebraico e só o Concílio de Hipona, em 393, o admitiu como inspirado. O li¬vro foi redigido em aramaico, língua esta que, sendo próxima do hebraico, rapidamente se tornou também veículo de comunicação em toda a zona do Crescente Fértil e das suas zonas circundantes. Não chegou até nós nenhuma versão do texto nesta língua. Assim, o conhecimento que temos desta obra, é através das suas traduções em grego e latim. Para a tradução que se segue, usamos quase exclusivamente o chamado texto longo da versão dos LXX.
AMBIENTE E CRONOLOGIA

Não há unanimidade acerca da data de composição do livro. Para uns, teria sido escrito provavelmente entre os anos 200 e 180 a.C. e para outros numa data muito posterior. Como quer que seja, todo o texto deixa perceber um ambiente ligado à diáspora, em torno à época do exílio persa. Contudo, e independentemente das consi¬de¬rações cronológicas, é um texto com uma intencionalidade didáctica e edifi¬cante evidente, visível não só a partir da sua forma narrativa, em jeito de saga, mas também a partir da constatação do pouco cuidado que o autor colocou nas referências cronológicas, históricas e geográficas, que resultam, na sua maioria, incoerentes.
CONTEÚDO

O esquema geral da obra é a sequência da sua história: Ori¬gens de Tobite e a sua piedade (cap. 1). Tobite no cativeiro (2,1-9). A sua resigna¬ção nas provas (2,10-3,6). Sara, no meio da sua afli¬ção, ora ao Senhor (3,7-17). Discurso de Tobite a seu filho (cap. 4). O filho de Tobite empreende a viagem, acompanhado por um anjo (5,1-6,9). Bodas do filho de Tobite com Sara (6,10-8,9). Gabael assiste às bodas (cap. 9). Regresso de Tobias para junto de seus pais (10-11). Reve¬la¬ção do anjo (cap. 12). Cântico de Tobite (cap. 13). Mortes de To¬bite e de Tobias (cap. 14).
DIVISÃO E CONTEÚDO

O livro pode dividir-se nas seguintes secções:

I. História de Tobite: 1,1-3,6;

II. História de Sara: 3,7-4,21;

III. Preparação da viagem: 5,1-23;

IV. Viagem à Média: 6,1-19;

V. Casamento de Tobias e Sara: 7,1-14,15.
MENSAGEM TEOLÓGICA

Depois do Exílio, enquanto uma parte do povo judeu se reuniu à volta de Jerusalém, um grande número perma¬neceu na Babilónia e nos outros territórios em redor de Israel: no Egipto, na Assí¬ria e nos territórios que actualmente constituem a zona norte do Irão. Muito provavelmente, o livro de Tobite nasce dentro deste ambiente linguístico e geográfico. Ao ser um texto narrativo de carácter “roman¬ceado”, a atenção do leitor é levada a centrar-se nas personagens, nas suas genealogias escru¬pu¬losamente israelitas e na forma fiel e piedosa segundo a qual orientam as suas vidas. Estas carac¬te¬rísticas, típicas dos inter¬¬ve¬nien¬tes, são ainda pos¬tas em relevo graças ao re¬curso sistemático a com¬¬pa¬ra¬ções, quer com os ou¬tros membros do povo de Israel, quer com as perso¬na¬gens reais com as quais cada um deles se vai rela¬¬cionando.

Assim, o texto avança claramente em dois ní¬veis paralelos e con¬cên¬tri¬cos de desenvolvi¬men¬to: por um lado, o nível da fidelidade e piedade de Tobite e dos seus fami¬lia¬res directos; por outro, a infidelidade do povo e a impiedade dos governan¬tes. Todo o enredo, na sua forma simplista, está im¬pre¬gnado de um incon¬fun¬dível sabor sapiencial e de referências indis¬far¬çá¬veis, por exemplo, à His¬tó¬ria de José e à persona¬gem de Job.

Nesta simplicidade li¬near, o texto não é capaz de criar qualquer tensão dramática. Desde o iní¬cio, o leitor tem a sensa-ção de já saber o que vem a seguir. Seguindo as re¬gras típicas deste género, o texto avança num cres¬cendo de complicação com sucessivos momentos de resolução, atin¬gindo o cli¬max ou ponto de viragem quando ficam resolvidas as duas dificul¬dades prin¬¬¬cipais ligadas à questão da herança: o aspecto fi¬nanceiro e a descen¬dên¬cia, que se supõe venha a seguir-se à conclusão fel¬¬iz do casamento de Sara e Tobias.

Apesar disto, e na sua ingenuidade, o livro de To¬¬¬bite respira um am¬biente de fé incon¬dicional em Deus. Para além das tribula¬ções e dificulda¬des sofri¬das, as persona¬gens centrais vivem com a cer¬te¬za inabalável da pre¬sen¬ça de Deus, como condu¬tor da História, e da re¬com¬¬pensa que hão-de ter pela sua fidelidade.

O próprio nome de To¬bite (abreviatura he¬brai¬¬¬ca de “Tôbiyyâh”, que quer dizer “Deus é bom”, ou “o meu bem está em Deus”) confirma a acção da divi¬na Providência, que vela por aqueles cuja fé é ina¬balável e os ajuda a ven¬cer as provações, acaban¬do por lhes dar uma re¬compensa muito acima de toda a expectativa, como no caso do próprio Tobite.

Ester


O livro de Ester é uma apaixonada descri¬ção das experiências dra¬máticas por que passou a comunidade hebraica de Susa, quando esta cidade era capital do império persa. O texto sugere que esses aconte¬cimentos afectariam a vida de todos os judeus residentes dentro das fronteiras daquele imenso império, que se estendia desde a Índia até à Etiópia. Quer dizer que os episódios narrados atin¬giam todos os judeus do mundo e as consequências diziam respeito à sua sobrevivência.

As figuras centrais são um judeu de nome babi¬lónico Mardoqueu e uma sua parente e protegida, chamada Ester, nome de ressonâncias simul¬ta¬nea¬mente babilónicas e persas. Mardoqueu surge como chefe da comunidade ju¬daica; Ester é a personagem decisiva no desenrolar dos acontecimentos. O livro descreve uma ameaça de morte que se trans-formou numa afirmação de triunfo. Semelhante sucesso merece ser cele¬brado e recordado. E, de facto, o livro de Ester culmina numa festa anual, ainda hoje celebrada entre os ju¬deus: a festa de “Purim”, ou das “sortes” lançadas e transformadas.
TEXTO

Esta multiplicidade de experiências tem a sua expressão no próprio estado do texto chegado até nós, com dois estratos bem distintos: algumas secções, que constituem a parte mais longa e mais antiga estão em hebraico e parecem repre-sen¬tar o fio condutor da história; outras encontram-se só em grego e são suple¬mentos, ampliações e reformulações do mesmo assunto, mas com um espírito e um horizonte algo diferentes, tentando recriar e refor¬mular novas perspectivas. Estas novidades do texto grego vão sendo inseridas ao longo de toda a história descrita.

São Jerónimo, ao preparar a edição da Bíblia em latim, chamada Vul¬gata, para que estas interrupções não cortassem a sequência do texto he¬braico, decidiu colocar em primeiro lugar a tradução contínua do hebraico e acrescenta-lhe os suplementos em grego, numerados nos capítulos 11 a 16. E assim se apresentava o livro de Ester, nas traduções que dependiam directamente da Vulgata. No entanto, esta solução tornava mais difícil a leitura dos suplementos, que não representavam uma sequência completa. Por isso, é hoje mais habi¬tual manter as interpolações do texto grego no seu lugar correspondente na nar¬rativa, distinguindo-as do texto hebraico por um tipo de letra e por uma numeração diferentes. Nesta edição, o texto hebraico aparece em carac¬te¬res redondos, como no resto da Bíblia; os Suplementos gregos vão em itálico e são numerados por uma letra de A a F, representando cada uma como que um capítulo suplementar; e, em cada uma dessas letras ou capítulos, os versículos são numerados a partir do n.° 1. Outras edições con¬tam os suple¬mentos gregos como continuação do texto hebraico e numeram os novos versí¬culos por letras acrescentadas ao número do versículo hebraico, a partir do qual se fez a interrupção e começou o suplemento.
HISTORICIDADE

Literariamente, esta narrativa apresenta-se como des¬cri¬ção histórica. Aliás, em 9,32 e 10,2 existem alusões explícitas ao facto de ter sido escrito aquilo que acontecera com Ester e com Mardoqueu. Esta fisio¬¬nomia literária condiz bem com o carácter mais ou menos histórico do seu conteúdo. A descrição dos ambientes e dos costumes tem alguma exac¬tidão.

No entanto, numerosos indícios levam-nos a pensar que os muitos ele¬mentos de figuras e experiências históricas podem ter sido elaborados nesta obra, que é construída segundo o modelo literário de um romance histórico. Os nomes de Mardoqueu e de Ester dão aos seus heróis certa verosi¬mi¬lhança histórica. O nome de Assuero, dado ao rei, é a versão bíblica normal para o bem conhe¬cido nome de Xerxes. E isto constitui mais uma razão de verosi¬milhança histórica. A vida da corte, aqui descrita, corresponde igualmente bem à ima¬gem histórica; pelo contrário, o facto de Mardoqueu ter sido exi¬lado de Jerusalém no tempo de Nabucodonosor e estar ainda, mais de cem anos depois, a dirigir estes acontecimentos levanta fortes dúvidas. Além disso, os conflitos religiosos e culturais descritos, e mesmo os nomes da rainha rejei¬tada e da nova rainha escolhida por Assuero, ou Xerxes, são inteira¬mente desconhecidos na corte persa.

É possível, por conseguinte, que tenham sido acumuladas aqui, numa única his¬tória, muitas experiências dramáticas de comunidades judaicas em con¬text¬os sociais adversos; e também muitas esperanças que, entretanto, as foram reani¬mando, garantindo-lhes a sobrevivência. De tudo isso poderá ter resultado este livro, como memória exultante e como razão de esperança.

De facto, em Ester condensam-se experiências de rejeição e de ameaça, que punham em causa a sobrevivência do judaísmo e, por antítese, descreve-se a forma como todos os perigos se transformaram em retumbante afir¬ma¬ção dos seus ideais. Tão entusiasta quiseram os judeus tornar a sua vitória, que não conseguiram evit¬ar excessos: da pura autodefesa, passaram a ges¬tos exage¬rados de vin¬gança.
ORIGEM, ACEITAÇÃO E DIVISÃO

Os problemas quanto ao seu con¬teúdo vão desembocar na data de composição deste livro. A opinião mais aceite é a de que o texto hebraico teria sido escrito durante o séc. III ou II a.C.. Nessa altura, o império persa já tinha terminado. Significaria isto que as situa¬ções descritas se referiam ao tempo dos persas, mas os problemas e as preo¬cupações reais que, naquele momento, levavam a escrever este livro, podiam ser confrontações com outros inimigos. De facto, no séc. III a.C. ou depois, os conflitos do judaísmo eram sobretudo com o helenismo. E, se assim foi, o livro de Daniel e o de Judite dão testemunho de um recurso lite¬rário muito semelhante: servir-se de uma história referente a épocas do pass-ado para enfrentar e combater dramas próprios do momento presente.

O Novo Testamento não deu muita importância a este livro, pois não se refere a ele. O judaísmo, pelo contrário, sempre o valorizou bastante. A festa de Purim, aqui iniciada, também não consta no calendário de Qumrân, nem o livro é referido na biblioteca da seita. Mas, para o judaísmo, Ester foi sempre um dos mais importantes dos cinco “rolos” ou “livros” cuja lei¬tura ocorria regularmente em certas festas. O Cânon hebraico ou judeo-pales¬tinense inclui só o texto hebraico de Ester, classificando-o na cate¬goria dos “Escri¬tos” ou “Literatura”. O Cânon grego ou judeo-alexandrino inclui tam¬bém os suplementos gregos, considerando-os igualmente canó¬ni¬cos, aparecendo Ester entre os livros históricos.

O esquema geral do livro é aquele que se nos apresenta através da nar¬rativa em hebraico:

I. Ester torna-se rainha: A,1-2,23;

II. Conspiração contra os judeus: 3,1-5,14;

III. Haman é condenado à morte: 6,1-7,10;

IV. Os hebreus vingam-se dos inimigos: 8,1-F,11.
TEOLOGIA

É, sobretudo, na teologia que se nota a diferença mais sensível entre o texto hebraico e os textos em grego. No texto hebraico não existe sequer referência ao nome de Deus. Seja qual for a razão que levou a uma nar¬rativa de aspecto aparentemente laico, pressupõe-se que, por detrás das vicissitudes da experiência histórica, existe uma outra instância da qual poderá vir a resposta para os problemas, se os humanos não forem capazes de os resolver (ver 1,14). É uma evidente referência a Deus, implícita mas forte. Além disso, toda a narrativa se desenvolve num ambiente e com uma ressonância sapiencial clara. Ora toda a sabedoria oriental, mesmo quando expressa numa linguagem aparentemente profana, está imbuída de um profundo humanismo religioso.

Uma das evidentes novidades do texto grego é a maneira como su¬bli¬nha os vários aspectos teológicos, em concreto a intervenção de Deus como pro¬vidente condutor dos acon¬tecimentos históricos. À primeira vis¬ta, pareceria que foi esta a razão que levou aos acrescentos gregos. Mas, fosse ou não essa a intenção prin¬ci¬pal, o facto é que o texto grego en-quadra toda a história no contexto de um sonho, que é contado no prin¬cípio e explicado no fim. Tudo o que acontecera já tinha sido revelado a Mardoqueu por meio daquele sonho: estava previsto e cumpriu-se tal qual.

Isto é a expressão de uma concep¬ção de História conduzida providen¬cial¬mente, que vê os aconte¬ci¬mentos co¬mo um plano de Deus. Precisa¬men¬¬te no final do capítulo 4, ao apro¬xi¬mar-se o momento decisivo, é que o texto gre¬g¬o insere os suplementos da letra C, com uma oração de Mar¬do¬queu e outra de Ester, cheias de res¬so¬nân¬cias bíblicas.

Aliás, conflitos como os apresen¬ta¬dos neste livro costumam empur¬rar as partes em litígio para com¬por¬tamentos, que só quando excessi¬vos dão a sen¬sação de vitória. De facto, na Bíblia, o castigo dos maus, mesmo quando é atribuído a Deus, tem frequentemente aspectos exces¬si¬vos.

É também importante, do ponto de vista religioso, o facto de o livro de Ester servir como texto justificativo da festa religiosa de “Purim”, que se tor¬nou uma das mais pitorescas do calendário religioso dos judeus, seme¬lhante ao nosso Carnaval.

Judite

Este livro, cujo nome é o da sua figura prin¬cipal, mostra-nos como Israel domina todas as dificuldades quando obedece ao Senhor. As pessoas e os lugares nele descritos fazem crer que o autor pre¬tendeu dar-lhes nomes fictícios, embora não se saiba exactamente porquê. O significado de alguns deles enquadra-se bem no próprio conteúdo do livro. O nome da heroína, Judite, que lhe serve de título, simboliza “a judia”, ex¬pressão frágil e desamparada do próprio Israel, sob a ameaça dos inimigos. O importante, contudo, é a lição que nos é dada pelo seu cântico: só os que temem o Senhor podem ser grandes em todas as coisas.
TEXTO

Aquele que terá sido o texto original hebraico ou aramaico do Livro de Judite há muito que desapareceu. O testemunho escrito que chegou até nós era constituído por três recensões gregas, uma versão siríaca, a antiga versão latina e a tradução latina feita por São Jerónimo. As poucas recen¬sões hebraicas que se conhecem são consideradas pouco fidedignas para nos darem a conhecer o texto original, uma vez que se apresentam como elabo¬ra¬ções livres feitas sobre o mesmo texto.

Segundo Orígenes e São Jerónimo, este livro não era considerado canó¬nico pelos judeus da Palestina. Entretanto, foi traduzido pelo Targum, e o Talmude atribuiu-lhe um grau inferior de inspiração. Contudo, no séc. I d.C. o livro fazia parte do cânone dos judeus de Alexandria. Tudo isto contribuiu para o facto de alguns Padres da Igreja terem posto em causa, e mesmo ne¬gado, a sua inspiração.

O texto desta Bíblia foi traduzido a partir da edição crítica dos Setenta de A. Rahlfs, Septuaginta, elaborada com os textos gregos recolhidos dos códi¬ces Vaticano, Sinaítico e Alexandrino.
CONTEXTO HISTÓRICO

Estamos, muito provavelmente, diante de um texto parenético e didáctico, composto a partir de um núcleo original. Com efeito, o texto que chegou até nós apresenta dados históricos e geográficos que põem muitos problemas, quer de situação, quer de identificação. Por exem¬plo: Nabucodonosor é posto a lutar contra um Medo, de nome Arfa¬xad, que não se sabe exactamente quem é. Diz-se, igualmente, que conquis¬tou Ecbá¬tana, quando se sabe que ele nunca conquistou esta cidade nem combateu os Medos. A cidade de Betúlia, o Sumo Sacerdote Joaquim e a pró¬pria Judite, excep¬tuando a filha de Jacob e Lia, não aparecem referidos em nenhum outro texto do Antigo Testamento.
DIVISÃO E CONTEÚDO

O livro de Judite divide-se em duas partes:

I. Antecedentes do cerco a Betúlia (1,1-6,21): o poder de Nabuco¬dono¬sor (1); expedição de Holofernes (2); procedimento das nações gentias (3); os judeus preparam-se para a guerra (4); discurso de Aquior a Holofernes (5); resposta de Holofernes (6).

II. Vitória dos judeus (7,1-16,25): a situação torna-se difícil em Betúlia (7); Judite diante dos chefes do povo (8); a oração de Judite (9); a caminho do acampamento assírio (10); na presença de Holofernes (11); Judite na ceia de Holofernes (12); regresso triunfante à cidade (13); ataque contra os assírios (14); vitória completa dos Judeus (15); cântico de Judite (16,1-17); con¬clusão da história de Judite (16,18-25).
TEOLOGIA

Quando Holofernes e os assírios sitiaram Betúlia, esgotou-se a água na cidade, e os seus habitantes estavam na iminência de perecer. Foi então que uma viúva, chamada Judite, traçou e pôs em prática um plano, que levou os sitiantes à debandada e deu a vitória final aos israelitas.

Como quer que seja, e para além dos pormenores históricos e geográficos, a doutrina do livro merece a nossa atenção. Estamos diante da afirmação de verdades que em nada põem em causa o conjunto da teologia do AT: proclama-se a providência de Deus para com o seu povo; a omnipotência, realeza e sabe¬doria universal de Deus; a ideia da dor e do sofrimento como prova; a centralidade, reverência e valor do templo; o valor do jejum, da oração e dos actos de penitência.

Este livro manifesta, sobretudo o amor de Deus pelos pequenos, servindo-se de todos os meios para os defender. Neste caso, de uma mulher, que nunca tinha participado numa guerra.

1º Macabeus

Com o título de Macabeus são designados dois livros que fazem parte da Sagrada Escritura, embora sejam conhecidos mais dois com este nome na antiga literatura judaica. Nos primeiros séculos da Igreja, houve algumas dúvidas em considerá-los parte do Cânone. De facto, não constam no Cânone da Bíblia Hebraica dos judeus pales¬ti-nenses; mas fazem parte da Bíblia do judaísmo de Alexandria. Este facto veio a criar, por parte das igrejas protestantes, uma atitude de reserva para com eles; quanto aos outros dois, cedo lhes foi recusada a classificação de livros bíblicos, tanto pelos judeus como pelos cristãos.
NOME

Chamam-se Macabeus, não porque tal fosse o nome do seu autor, mas porque Judas – o protagonista dos principais acontecimentos narrados nos dois livros – foi denominado “Macabeu”. Porém, foi São Clemente de Ale¬xan¬¬dria (séc. III d.C.) quem, pela primeira vez, lhes atribuiu esse título, que se tornou corrente na tradição cristã.

Muito provavelmente, com esse nome ter-se-á querido salientar a missão que Deus, Senhor da História, quisera confiar a Judas Macabeu. De facto, o termo “macabeu” apa¬rece em Is 62,2 com o significado de «designado do Senhor», que corres¬ponde perfeita¬mente à qualidade de chefe com que Judas é descrito em 2 Mac 8,1-7. Tam¬bém é muito semelhante ao que se diz dos chefes carismáticos do período dos Juízes e ao papel dos que têm a missão de libertar o povo de um poder político ou de uma cultura que não respeita a fé de Israel.
AUTOR E MENSAGEM

O 1.° livro dos Macabeus é obra de autor des¬co¬nhecido, mas bom conhecedor da Palestina e imbuído da fé que caracteriza o povo eleito. É precisamente esta fé que o leva a narrar a História recente do seu povo, para impedir os seus irmãos de raça de serem infiéis à aliança.

No horizonte, está o confronto entre a fé de Israel e os novos modos de viver da cultura helenística, em que o judaísmo da diáspora se encontra. Para responder a essa situação con¬creta e precaver da traição à fé, o autor vai buscar este período histórico e os modelos de fé nele encontrados.

Tocado pela dura experiência do tempo do domínio selêucida, com An¬tíoco IV Epifânio à cabeça, volta-se para a raiz da fé, que é a aliança do Sinai, e diz ao povo: «Deus está sempre atento e vai fazer surgir homens cora¬josos e determinados, para resistirmos à imposição dos valores culturais que ameaçam as atitudes de vida exigidas pela aliança». Por isso, mais que descrever objectivamente o que fizeram esses homens, o autor preocupa-se em mostrar como, por atitudes idênticas às deles, o povo fiel pode continuar a viver a sua fé no Deus único e a manter a sua identidade nacional.

GÊNERO LITERÁRIO

Os dois livros dos Macabeus são históricos, segundo os critérios historiográficos da época, e com uma acentuada preocupação religiosa e edificante.

Mais que uma narração objectiva dos acontecimentos do mesmo período, nem sempre concordantes, porque entre si distintos e independentes, asse¬mel¬ham-se a dois Evangelhos Sinópticos: o 1.° livro abrange o período que vai de 175 a.C. a 134 a.C. (subida ao trono de João Hircano); o 2.° livro cobre o período de 175 a.C. a 160 a.C. (morte de Nicanor).
DIVISÃO E CONTEÚDO

A narração dos acontecimentos está distribuída em quatro blocos: no primeiro traça-se o am¬biente político e cultural criado por Alexandre Magno, que origina a revolta dos Macabeus (1,1-2,70); no segundo narram-se os feitos glo¬rio¬sos de Judas Macabeu (3,1-9,22); no terceiro descrevem-se os feitos de Jó¬na¬tas (9,23-12,54) e, no quarto, os fei¬tos do Sumo Sa¬cerdote Simão, fun¬¬dador da dinas¬tia dos Hasmo¬neus (13,1-16,24).

O seu conteúdo poderá ser divido nas quatro partes que apresentamos a seguir:

I. Ambiente político e revolta de Matatias (1,1-2,70): Alexandre Mag¬no (1,1-9); Antíoco Epifânio (1, 10-40); per¬¬se¬guição religiosa (1,41-64); feitos de Matatias (2,1-70).

II. Judas Macabeu (3,1-9,22): pri¬meiras vitórias de Judas (3,1-4,35); puri¬ficação do templo (4,36-61); guerra contra os povos vizinhos (5); morte de Antíoco na Pérsia (6,1-17); Antíoco Eupátor ataca a Ju¬deia e faz a paz com os judeus (6,18-63); Demétrio, sucessor de Eupátor, decla¬ra guerra a Judas Macabeu (7); Ju¬das Macabeu alia-se aos romanos (8); morte de Judas Macabeu (9,1-22).

III. Feitos de Jónatas, suces¬sor de Ju¬das Macabeu (9,23-12,54): modificação da situação dos judeus (9,23-73); Jó¬natas aproveita-se da guerra civil dos sírios (10); confir¬mação da situação de Jónatas (11); aliança com os ro¬ma¬¬nos e com os es¬partanos (12,1-23); Jónatas em po¬der de Trifon (12,24-54).

IV. Simão, príncipe do povo ju¬¬deu (13,1-16,24): Simão procura res¬ga¬¬tar seu irmão (13,1-32); Simão as¬se-gura a liberdade do seu povo (13,33-53); Simão é aclamado prín¬cipe do povo judeu (14); Antíoco Si¬detes volta-se contra os judeus (15); morte de Simão (16).

2º Macabeus

O 2.° Livro dos Macabeus não é, como facilmente se poderia supor, a continuação do primeiro, nem tem o mesmo autor. De comum entre os dois existe apenas o clima de perseguição à fé, orquestrada igualmente pelos Selêucidas, embora narrada de um modo menos his¬tórico e mais edificante. Mas convém ter em conta o que se disse no início da Introdução a 1 Ma¬ca¬beus, quanto ao seu nome e à sua classificação como livro bíblico.
AUTOR

O autor, que terá escrito no Egipto, pretende edificar a fé dos judeus deste país, também perseguidos por Ptolomeu. Com um estilo vivo e uma tendência para exagerar a caracterização das personagens – pois quer apresentá-las como heróis na fé a um povo que está a sofrer por causa dela – pretende mostrar que a perseguição é apenas um castigo justo e pedagógico, merecido pelos pecados cometidos, para convidar à conversão de vida e à fidelidade à aliança.
CONTEÚDO E DIVISÃO

Na sua forma actual, o livro poderá resumir-se no esquema seguinte:

Introdução (1,1-2,32): primeira carta (1,1-9); segunda carta (1,10-2,18); prefácio do autor (2,19-32).

I. Causas da rebelião dos Macabeus (3,1-7,42): preservação do tem¬plo (3); Onias, pontífice (4); matanças de Antíoco em Jerusalém (5); a per¬seguição religiosa (6); martírio dos sete irmãos (7).

II. Rebelião dos Macabeus (8,1-10,8): primeiras vitórias dos Macabeus (8); morte de Antíoco (9); purificação do templo (10,1-8).

III. Campanhas militares de Judas Macabeu (10,9-15,36). Novas vitó¬rias do Macabeu sobre os povos vizinhos (10,9-12,45); guerra e paz entre Antíoco Eupátor e Judas Maca¬beu (13); Demétrio, rei da Síria, declara guerra ao Ma¬cabeu (14); Nica¬¬nor, general dos sírios, é vencido por Judas Macabeu (15,1-36).

Epílogo (15,37-39): considerações do autor.
MENSAGEM

Dado o objectivo da obra, a lei – como expressão da aliança – e o templo são os pontos de referência da fé, a necessitar de revigoramento para não se deixar absorver pela pressão da nova cultura. Por isso, ao lado daqueles que, por debilidade ou oportunismo sócio-político, renegam a fé, o autor coloca os que se refugiam em Deus e vão para o campo de batalha, apoiados nas armas da oração, do jejum e da leitura da Bíblia.

Neste quadro de fé no Deus da aliança, que protege os que morrem por ela em vez de a renegar, surgem alguns ensi¬na-men¬tos desenvolvidos depois no cená¬rio da revelação. É o caso dos anjos, como agentes de Deus para executar o seu projecto (2,21; 3,24-26; 10,29; 11,6-8; 15,23), do valor da oração dos vivos para conseguir de Deus o perdão dos pecados dos defuntos (12,43-45), bem como do valor da intercessão dos «santos» que estão na outra vida, em favor dos que ainda peregrinam na terra (15,12-16); e ainda a questão da ressurreição dos fiéis (7,9.14.23.28-29.36; 12,43-45; 14,46) e a retribuição depois da morte, tanto para os fiéis como para os que fizeram mal ao povo, pois Deus dará a cada um segundo o que tiver merecido.
Organizado e Copilado por:
Gilmar T. Santos

Lagoa Real, 17 de agosto de 2010.

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